11/06/2010

«1200 crianças festejaram a República»


Mais de 1200 crianças do Agrupamento de Escolas de Aveiro participaram ontem à tarde num desfile pelas principais ruas e praças de Aveiro destinado a reviver os últimos cem anos da história portuguesa. Desde a queda da Monarquia ao Portugal de hoje.

Nada nervosos, Luís Lelis, Lucas Cânsil e Filipe Abreu, de 10 e nove anos respectivamente, alunos do quarto ano da Escola Básica da Glória (Aveiro) encarnaram ontem à tarde a figura de Firmino Maia, o político aveirense que pelas 13 horas de 9 de Outubro de 1910 proclamou e hasteou a bandeira da República.

Eleitos nas turmas, segundo confessaram ao JN, pelas 15:15 horas de ontem, leram a proclamação e hastearam a bandeira nacional na varanda principal do edifício dos Paços do Concelho aveirense e protagonizaram com mais de um milhar de colegas de todas as escolas primárias e dos jardins de infância do Agrupamento de Escolas de Aveiro o reviver de cem anos de História.

Tudo começou na praça Marquês de Pombal com a chegada do Rei D.Carlos protagonizado Ricardo Mendes, 11 anos, da escola de S. Jacinto, que transportado de coche seria atacado a tiro na rua Direita.

Tomás, 10 anos, de S. Jacinto seria um dos atiradores. Não estava nervoso mas um pouco excitado. "Tenho jeito para a coisa", diria ao JN antes de ser um dos protagonistas da teatralização do Regicídio. "Sabia o nome do rei mas agora já me esqueci", disse antes de avançar e simular o disparo. Que se ficou só por aí, porque os balões que deviam rebentar para dar sonorizar o ruído dos tiros não rebentaram e o coche real quase que nem parou.

A praça Melo Freitas, foi o palco escolhido para a evocação de um pouco do período do Estado Novo. A emigração ou a guerra colonial, com os soldados no velho "Niassa" e as famílias chorosas a acenarem os lenços brancos de despedida foram alguns dos episódios revividos, numa reportagem televisiva conduzida pelo evocação do saudoso aveirense Fernando Pessa. Mas também a "polémica" Mocidade Portuguesa (MP), a simbolizar a instrumentalização política da juventude. Alguns jovens vestiam t-shirts a lembrar a MP, que foram despidas e aturadas ao ar, com o som da voz de Fernando Tordo a interpretar "A Tourada" de Ary dos Santos. Os Congressos da Oposição Democrática e o 25 de Abril seriam evocados junto ao Cine Avenida e na Praça do Mercado. Houve evocação de figuras como Mário Sacramento e Vale Guimarães, o som da voz de José Afonso com "Grândola" e muitos cravos vermelhos. Junto à Biblioteca evocou-se a multiplicidade de culturas do Portugal de hoje e a festa terminaria no Rossio, com a actuação da Banda da GNR e a largada de cerca de 400 pombos. "Foi uma festa muito bonita, gostei", diria no fim ao JN, Ayat Fátima, 6 anos, com raízes indianas.


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Jornal de Notícias, 10-06-2010. Jornalista: Jesus Zing

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